Somos uma editora de livros artesanais. Criamos projetos sensoriais únicos para cada original, selecionando técnicas, materiais e formatos que dialoguem com os textos.
Fazemos a publicação de forma gratuita, abrindo chamadas para a seleção de originais. Na escolha, observamos a qualidade dos escritos, mas também o potencial que a obra tem de habitar um belo projeto artesanal.
Priorizamos publicar autorias de vozes e narrativas historicamente marginalizadas pela literatura, como mulheres, negres, LGBTQIAP+, indígenas.
Nosso foco é publicar livros de poemas, contos, novelas e pequenos romances. Isso não significa que não possamos avaliar a possibilidade de publicação de obras de outros gêneros.
Fazemos questão de que todos os nossos livros tenham registro de ISBN e ficha catalográfica. Livros artesanais precisam ser levados a sério e estarem aptos a concorrer em todos os prêmios.
Publicar livros é realizar sonhos. Aqui, costuramos manualmente cada ponto desses sonhos.
A ideia nasce a partir de algumas experiências de autopublicação de nossa editora fundadora Yara Fers.
Em agosto de 2021, Yara publicou Desmecanismos, um livro feito artesanalmente, com bordados, colagens, encadernação costurada.
Em fevereiro de 2022, Yara publicou Haicactos e mandacarus, um segundo livro artesanal, com encadernação em dobradura e origamis na capa.
Em outubro, veio a notícia de que Desmecanismos ficou entre os dez finalistas na categoria capa do Prêmio Candango de Literatura.
Tudo isso mostrou que há espaço para a publicação artesanal, mesmo nessa era digital.
Por isso, Yara Fers, junto com seu companheiro de vida e arte, Thiago Gatti, decidiram criar a Arpillera, para elaborar projetos artesanais únicos e sensoriais.
Arpillera é uma técnica de bordado criada pelas mulheres de Isla Negra, no Chile. As arpilleras originais eram feitas em pano rústico, proveniente de sacos de farinha ou batatas.
Durante a ditadura chilena, instaurada entre as décadas de 70 e 90, as mulheres organizavam-se em grupos dentro de igrejas, bordavam denunciando as agruras que viviam nessa época. Muitas vezes eram usados retalhos das roupas de familiares desaparecidos políticos.
As peças se tornaram ferramentas de denúncia da ditadura de Pinochet e, ao mesmo tempo, uma forma de atividade cooperativa e fonte de renda.
A palavra arpillera, portanto, une resistência política ao trabalho artesanal. Da mesma forma que fizeram essas mulheres chilenas, essa editora nasce para costurar a resistência nas linhas do livro artesanal.